Gostei tanto de quem conheci que resolvi andar junto, lado a lado, dentro. Eu introjetei em mim aquela pessoa que, finalmente, não estava mais vivendo levianamente, mas participando verdadeiramente da realidade. Foi estando muito lúcida que pude me embriagar de arte e deixar minha imaginação inventar os caminhos que ela trilharia. Conheci paisagens, às vezes, muito familiares, mas o meu olhar era inédito. Não sou mais imediatista quando me faço companhia, pois essa nova pessoa respeita o seu próprio tempo. Por isso, também é preciso evitar alguns lugares, pessoas, antigos hábitos e pensamentos. O passado só me cabe para servir como base para o que tenho me tornado. Cada dia eu amanheço numa página em branco e vou dormir numa outra cheia de coisas que escrevi e vivenciei. A única garantia é que nem sempre encontro o que procuro, mas sempre busco o estado e o lugar mais confortáveis para mim. Sou muito grata por estar na esquina onde eu estava passando e por ter me dado a mão. Caminhamos juntas: eu comigo mesma!
MARLA DE QUEIROZ
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